VÍRUS
A palavra vírus vem do latim e significa “veneno”, “toxina”, e
está relacionada à descoberta do primeiro vírus, o vírus mosaico
do tabaco, que ataca folhas dessa planta, deixando-a com manchas
amareladas, conforme você pode observar na Figura 1.
1 Folha de tabaco infectada com vírus do mosaico do tabaco. |
Na tentativa de realizar o isolamento do agente causador desta doença, o pesquisador Dmitri Iwanowski realizou a filtragem da seiva de uma planta doente e pretendia isolar a “suposta bactéria” causadora da doença, uma vez que esperava que ela ficasse retida no filtro.
Para sua surpresa, ele descobriu que o agente causador da doença apresentava pequeno peso molecular, passando através dos poros do filtro, pois a seiva filtrada, ao ser aplicada nas folhas de uma planta de tabaco saudável, induzia a doença. Por causa desse fato, passou-se a denominar esses agentes filtráveis de “vírus”. Somente após vários anos, e com o desenvolvimento da microscopia eletrônica, foi possível isolar e visualizar o vírus mosaico do tabaco, que você pode observar na Figura 2. Figura 2 Fotomicroscopia eletrônica do vírus do mosaico do tabaco.
Figura 2 Vírus mosaico do tabaco |
Os vírus são partículas infecciosas muito pequenas, com formas e tamanhos variados (veja Figura 3), que não possuem natureza celular ou organelas intracitoplasmáticas; são desprovidos de maquinaria bioquímica para realizar a síntese macromolecular de proteínas e do seu ácido nucleico, impedindo sua autonomia para multiplicar-se.
Figura 3 Representação de diferentes tipos de vírus.
Desta forma, devem, obrigatoriamente estar dentro de uma célula para se multiplicar, utilizando a maquinaria bioquímica da célula hospedeira. Por esta razão, todos os vírus são parasita sintracelulares obrigatórios. Outra característica dos vírus é que eles apresentam um único tipo de ácido nucleico: ou DNA ou RNA, nunca possuindo ambos.
7. ESTRUTURA VIRAL
As partículas virais, por não apresentarem natureza celular, possuem uma estrutura bastante simples, caracterizada pela presença de seu material genético (DNA ou RNA), que é revestido por uma cápsula proteica. Entretanto, em alguns tipos de vírus, há um revestimento externo adicional, que é chamado de envelope, constituído por uma camada bilipídica de fosfolipídios, proteínas e glicoproteínas, semelhante à membrana celular.
Os vírus que não possuem envelope são denominados vírus não envelopados, enquanto os vírus que possuem envelope são os vírus envelopados. Alguns vírus especializados em infectar bactérias (bacteriófagos) apresentam uma estrutura mais elaborada, com estruturas especializadas para realizar a fixação e a invasão das células bacterianas e, por isto, são chamados de vírus complexos. Uma partícula viral completa recebe o nome de vírion.
Nos vírus não envelopados, o capsídeo apresenta natureza proteica, como você pode observar na Figura 4. Cada unidade proteica do seu capsídeo é chamada de capsômero, que pode ser de um único tipo ou não. As proteínas do capsídeo possuem a função de reconhecer a célula hospedeira. Figura 4 Representação esquemática de um vírus não envelopado.
Figura 4 Representação esquemática de um vírus não envelopado. |
Os vírus envelopados repetem a estrutura dos vírus não envelopados, e são acrescidos do envelope, conforme a Figura 5 a seguir. De acordo com o tipo de vírus, o envelope pode possuir projeções externas de glicoproteínas, as espículas, que têm a função de ligar-se a proteínas de superfície de membrana da célula hospedeira.
Figura 5 Representação esquemática de um vírus envelopado.
O envelope é adquirido durante o processo de saída do vírus da célula, onde ele utiliza parte das membranas celulares (membrana nuclear ou plasmática), associadas a suas proteínas, para construir o envelope.
A estrutura do envelope, por ser parcialmente originada da célula hospedeira, protege as partículas virais do ataque do sistema imunológico e também facilita a disseminação das partículas virais para novas células, por intermédio da fusão com a membrana
celular das células hospedeiras.
BACTERIÓFAGO:
Existe uma grande variedade de bacteriófagos, mas a maioria possui genoma de DNA. São desprovidos de envelope e possuem estruturas acessórias como bainha e fibras da cauda, que auxiliam no processo de fixação e invasão das bactérias.
Observe o esquema representativo de um bacteriófago na Figura 6. Veja que o capsídeo ou cabeça possui uma forma poliédrica,onde se localiza o DNA. O restante da estrutura viral é a cauda, que é composta por uma bainha e possui estrutura helicoidal contrátil.
Figura 6. Bacteriófago |
As células bacterianas apresentam uma estrutura semirrígida chamada de parede celular. É uma membrana celular externa, uma barreira que os bacteriófagos necessitam romper para invadir a célula.
Aleatoreamente, um bacteriófago pode colidir com a parede celular de uma bactéria, na extremidade da cauda do bacteriófago. As fibras da cauda interagem com moléculas da parede celular bacteriana, promovendo a sua adesão. Posteriormente, as fibras da cauda liberam a enzima lisozima, que degrada a parede celular, produzindo um poro na parede celular, a bainha contrátil contrai e, por propulsão, o material genético viral é introduzido no citoplasma da bactéria hospedeira. Veja a sequência na Figura 7.
Figura 7 Representação esquemática de um bacteriófago invadindo uma célula bacteriana.
VÍRUS E CÂNCER:
Estima-se que 15% dos cânceres humanos sejam resultantes de infecções virais. Como no caso dos bacteriófagos que fazem o ciclo lisogênico, alguns vírus que infectam as células animais também podem inserir seu material genético no genoma humano em sítios aleatórios, transformando as células em um tumor maligno.
Ao se integrar ao genoma humano, o vírus induz a síntese das proteínas virais; algumas destas proteínas interrompem o efeito dos genes supressores de tumores e, dessa forma, a célula hospedeira passa a se dividir descontroladamente.
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